domingo, 31 de outubro de 2010

Clipe do Dia nº 167



Escutei essa música ontem no rádio. Propaganda subliminar para o Serra.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Clipe do Dia nº 166



Nooooooooooo, you don't know what you'll give up!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Clipe do Dia nº 164



Um épico rock and roll.

Rumo ao vale... outro vale

A evolução adaptativa pode ser vista de maneira simplificada e metafórica como a competição de diferentes alelos presentes em uma população para fixarem-se em seus loci (um determinado "local" do genoma). Em outras palavras, os diferentes alelos existentes - cujas diferenças influenciam a capacidade do seu organismo "hospedeiro" em sobreviver e reproduzir no ambiente no qual se encontra - têm suas freqüências aumentadas ou diminuídas pela seleção natural, conforme essa influência seja positiva ou negativa.

Tomemos o exemplo hipotético mais simples: um alelo A codificando para a enzima E está fixado em uma população, apresentando assim uma freqüência de 100%. Por mutação, surge em um indivíduo o alelo B, que codifica para uma enzima E' com apenas um aminoácido de diferença mas que torna essa enzima um pouco mais eficiente em sua atividade quando comparada com a enzima E (codificada pelo alelo A). O esperado é que o alelo B tenha sua freqüência aumentada ao longo das gerações em detrimento do alelo A, que terá sua freqüencia diminuída, até que o alelo B seja finalmente fixado na população.

A "capacidade do organismo em sobreviver e reproduzir no ambiente no qual se encontra" usualmente é definido como 'aptidão' (ou fitness, em inglês). Logo, seria possível - em princípio - determinar a aptidão para cada genótipo em uma determinada população em determinado ambiente. (Genótipo, no caso de uma espécie diplóide como a nossa, é a combinação de alelos presentes nos dois loci de um indíviduo: como AA, AB ou BB.)

Um modelo visual foi proposto pelo biólogo Sewall Wright na década de 1930 para representar essas diferenças de aptidão entre os genótipos: a paisagem adaptativa ou fitness landscape. Cada ponto no "chão" do gráfico representa um genótipo, e a altura naquele ponto representa a aptidão daquele genótipo.


Com base nesse modelo visual, argumentou-se que a seleção natural conduz as populações "ladeira acima" em direção ao cume, ou seja, em direção aos genótipos de maior aptidão. Da mesma maneira, foi proposto que uma população que estivesse na ladeira cuja inclinação levasse a um cume mais baixo ("local optimum" da figura) não seria capaz de atingir o cume mais alto ("global optimum" da figura), pois a seleção natural não têm "presciência" nem "capacidade" de conduzir a evolução "ladeira abaixo". Portanto, aquela população estaria presa àquele cume menor, incapaz de atravessar o vale em direção ao cume maior.

Mas isso é a seleção natural, com todas suas limitações de um processo sem antevisão. Nós - seres humanos com telencéfalo desenvolvido - podemos descer propositalmente em direção ao vale buscando o cume maior. Mas dessa vez não em direção a um cume de maior aptidão (quem em sua sã consciência fica se preocupando com a eficiente propagação de seus alelos?), mas sim em direção a maior satisfação profissional, maior retorno financeiro, maior felicidade pessoal.

Estou divisando o cume mais alto do lado de lá e começo a minha travessia pelo vale. Wish me luck.

domingo, 24 de outubro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Away disserta sobre os políticos



Porque meu dinheiro, suor da minha testa, não foi feito pra mim dá pra filho de político ir pra Ilhas Galac-TÁS!

Clipe do Dia nº 160




This is Australia.

Sábio Sêneca


A religião é vista pelas pessoas comuns como verdadeira, pelos sábios como falsa, e pelos governantes como útil.
- Lucius Annaeus Seneca (c.4 a.C. - 65 d.C.)

Política, política, política

Não sei se é justificável alguém negligenciar a própria família em prol de estranhos. Será que a política, nesse caso, não é uma mera desculpa para se esquivar das responsabilidades?
- Nelson Mandela


Hoje em dia é moda, é cool, dizer que se gosta de política. Eu acho que política é semelhante ao direito: ambos deveriam representar o que há de mais nobre na nossa natureza, mas - pelo contrário - são as áreas de atividade humana onde o que há de pior na nossa natureza tem as maiores oportunidades de se expressar. E as oportunidades raramente são desperdiçadas.

É cool gostar de política. Eu prefiro música, cinema, biologia, pintura, literatura, filosofia, química, futebol...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Buenos Aires Trip 2010

Solo existen dos motivos por los cuales una persona puede no haber proferido un insulto jamás en su vida: que sea un pelotudo de mierda o que sea un hijo de remil putas.



Eu lembro de ter lido um texto do Luis Augusto Fischer no qual ele dizia que o Jorge Luis Borges era o maior escritor daquele país gaúcho, que consiste na Argentina, no Uruguai e no Rio Grande do Sul. De fato, são óbvias e evidentes as afinidades culturais que nós gaúchos temos com os castellanos: o gosto pela carne, o chimarrão, o pampa, a descendência européia, a cena rock and roll, o viés esquerdista, a acordeona, o machismo, o futebol vencedor, etc, etc, etc. Eu me sinto muito mais em casa em Buenos Aires do que em Brasília.

Os argentinos são como os gremistas: impossível não gostar deles, impossível não torcer contra eles no futebol.

A cidade é incrível, só tive dias de sol por lá, caminhei até cansar, comi muita carne, reencontrei um grande amigo porteño, pratiquei meu castelhano da fronteira (estava melhor do que eu esperava), tomei Quilmes e um excelente vinho mendozino, conheci La Bombonera, e - claro - aproveitei a Morena.

Clipe do Dia nº 159



Ah, os bons tempos do Green Day... Quando eram só os três (sem bandinha de apoio) segurando um show inteiro só com punk rock no osso.

Green Day


A banda tem uma presença de palco muito foda, especialmente o Billie Joe. Não tem nem comparação com os cagados do Oasis, outro show que eu vi no Gigantinho, que ficavam parados e tinham interação zero com o público. O Green Day não: muita pilha, correria, chamas de vários metros de altura, piazada que invadia o palco sendo bem recebida, fogos de artifício, uma sensacional bazuca que lançava camisetas pro público. Valeu muito a pena.

O único porém, já esperado, foi a virada na música que o Green Day teve nos anos 2000, com músicas muito mais pop e, por isso, o show tinha uma grande proporção de público (pré-)adolescente emo. Ao menos, metade do show foi de músicas das antigas: 'Nice Guys Finish Last', 'Burnout', 'Geek Stink Breath', '2000 Light Years Away', 'Hitchin' a Ride', 'When I Come Around', 'Brain Stew', 'Jaded', 'Longview', 'Basket Case', 'She' e a única realmente boa da fase nova 'American Idiot'.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Antropocentrismo



Ann Druyan suggests an experiment: Look back again at the pale blue dot of the preceding chapter. Take a good long look at it. Stare at the dot for any length of time and then try to convince yourself that God created the whole Universe for one of the 10 million or so species of life that inhabit that speck of dust. Now take it a step further: Imagine that everything was made just for a single shade of that species, or gender, or ethnic or religious subdivision. If this doesn't strike you as unlikely, pick another dot. Imagine it to be inhabited by a different form of intelligent life. They, too, cherish the notion of a God who has created everything for their benefit. How seriously do you take their claim?
- Carl Sagan

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Impressões ingênuas


It's natural to think that living things must be the handiwork of a designer. But it was also natural to think that the sun went around the earth. Overcoming naive impressions to figure out how things really work is one of humanity's highest callings.
- Steven Pinker

domingo, 10 de outubro de 2010

Interprete como quiser II


When the only tool you have is a hammer, everything looks like a nail.

sábado, 9 de outubro de 2010

Determinismo



Dado por um instante uma inteligência que pudesse compreender todas as forças pelas quais a natureza é animada e a respectiva situação dos seres que a compõem - uma inteligência suficientemente vasta para submeter esses dados à análise - ela iria abarcar na mesma fórmula os movimentos dos maiores corpos do universo e daqueles mais leves átomos; para ela, nada seria incerto e o futuro, assim como o passado, iria estar perante os seus olhos.
- Pierre-Simon Laplace, Ensaio Filosófico sobre as Probabilidades

É possível conciliar o conceito de livre-arbítrio com aquele de um Universo composto de partículas físicas submetidas a campos de força? Eu acho que não... Acho que o livre-arbítrio é uma ilusão produzida pelo funcionamento do nosso cérebro, que julga tanto o seu possuidor como as outras pessoas que também possuem cérebro como agentes capazes de controlar seu comportamento e, portanto, imputáveis por cometerem crimes e dignas de mérito quando bem sucedidas. Uma ilusão útil e inescapável no nosso cotidiano, mas ainda assim uma ilusão.

E eu só escrevi esse texto porque era inevitável que eu o escrevesse, afinal de contas foi tudo o resultado de partículas físicas submetidas a campos de força.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Clipe do Dia nº 158



Hoje me vou para a nação do tango, do machismo, do futebol truculento, dos caudilhos, do sangue quente, do pampa, da arrogância, do mate, das constantes crises econômicas e do assado. A terra do Maradona, do Che Guevara, do Quino e do Jorge Luis Borges. De lá também vieram os atuais campeões da América Andrés D'Alessandro, Pato Abbondanzieri e Pablo Guiñazu. Um país realmente encantador... ainda mais com a Morena do lado.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Das injustiças


O mundo parece muito injusto: alguns de nós morrem de fome antes de completar a primeira infância, enquanto outros - pelo acaso do nascimento - passam a vida na opulência e no esplendor. Podemos nascer numa família violenta ou num grupo étnico hostilizado, ou podemos começar a vida com alguma deformidade física. Vivemos com o baralho viciado contra nós e depois morremos: é só isso? Nada a não ser um sono sem sonhos e sem fim? Onde é que está a justiça nisso tudo? É desolador, brutal, impiedoso. Não deveríamos ter uma segunda chance numa arena nivelada? Como seria melhor se nascêssemos de novo em circunstâncias que levassem em conta o nosso desempenho na última vida, por mais viciado que o baralho tivesse estado contra nós. Ou, se houvesse um julgamento depois da morte, então - desde que representássemos bem as personalidades que nos foram dadas nesta vida, e fôssemos humildes, fiéis e tudo o mais - deveríamos ser recompensados vivendo alegremente até o fim dos tempos num refúgio permanente, longe da agonia e do turbilhão do mundo. Assim seria, se o mundo fosse idealizado, pré-planejado, justo. Assim seria se os que sofrem com a dor e o tormento recebessem o consolo que merecem.
- Carl Sagan

Clipe do Dia nº 157



Algo do qual a Argentina nunca poderá se gabar sobre nós: Elis Regina. Dica do Guima.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Clipe do Dia n° 156



Fica registrada minha inveja branca de todos aqueles que terão o privilégio de assistir a um show do Queen of The Stone Age na semana que vem, seja em Itu, Montevideo ou Buenos Aires...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O ceticismo e o conhecimento de cada um

So the other disciples told him, "We have seen the Lord!" But he said to them, "Unless I see the nail marks in his hands and put my finger where the nails were, and put my hand into his side, I will not believe it.
John 20:25



Os cientistas são, muitas vezes, céticos com relação à grande maioria dos eventos místicos, paranormais e ufológicos que parecem acontecer à sua volta. Entretanto, devemos considerar que os cientistas são indivíduos que conhecem a natureza do universo melhor do que qualquer outro profissional na sociedade humana. Afinal, essa é sua profissão!

No âmbito de nossa sociedade, cada pessoa se especializa em uma determinada área de seu interesse e se torna cética com relação à sua área de conhecimento (excetuando-se aqui religiosos e místicos, que aceitam certas premissas dogmáticas sem uma gota de ceticismo). Considerando que é impossível que nos especializemos em todas as áreas do conhecimento humano, muitas vezes tendemos a aceitar as opiniões de especialistas. Apesar de tudo, quando o assunto envolve crenças e convicções pessoais, é difícil aceitar o que os especialistas dizem (por mais bem colocado e lógico que seja) e é por isso que nossa sociedade vive tão cheia dos mais absurdos e diferentes mitos.

Experimente, um dia, chegar pra uma dona de casa e dizer que consegue assar um bolo apenas com o calor de suas mãos, que consegue fazê-lo crescer apenas com a força do pensamento ou que utilizando cem vezes menos ingredientes você faz um bolo do mesmo tamanho. Experimente dizer a um engenheiro civil que você é capaz de construir um edifício de vinte andares utilizando apenas um pilar com dois milímetros de diâmetro. Experimente falar a um cientista da computação que você conseguiu fazer com que seu disco rígido de 540 Mb conseguisse armazenar 200 Gb. Experimente surpreender um advogado dizendo que você conseguiu criar um sistema de leis perfeito, onde nunca haveria erros de sentença e todos pagariam de forma justa e adequada por seus atos ilegais. Diga a um publicitário que você bolou uma propaganda que fizesse qualquer um sair correndo para comprar seu produto.

Sou capaz de apostar dez para um como, em todos os casos citados no parágrafo anterior, o profissional, no mínimo, iria duvidar de você. (É claro que algumas vezes ele poderia achar que você é louco e concordar: “– Sim, sim, parece interessante...”) Mas é claro que ele iria querer saber como você conseguiu tal façanha. Todos são céticos quando conhecem o objeto de seu estudo! A dona de casa, por mais humilde que seja, nunca vai acreditar que você consegue fazer um bolo do mesmo tamanho utilizando apenas um centésimo de cada ingrediente. É importante notar que talvez, num futuro distante, seja possível fazer esse bolo com tão poucos ingredientes, mas não vale a pena perder muito tempo com essa pessoa que diz fazê-lo hoje, a não ser que ela explique de forma lógica e mostre passo a passo seus procedimentos.

No caso do cientista pode-se dizer que não vale a pena gastar muita saliva discutindo com uma pessoa que diz que pode haver vida inteligente no Sol, como aconteceu comigo há bem pouco tempo. Toda a vida que já observamos, até hoje, é a que existe na Terra, onde todos os organismos são formados por informações codificadas em cadeias de moléculas que formam os ácidos nucléicos (RNA ou DNA). Sabemos que o DNA se desestabiliza a cerca de 100ºC, quando acontece a quebra das ligações de hidrogênio e a abertura da dupla fita, descaracterizando a forma de dupla hélice da molécula. Numa temperatura um pouco maior acontece a ruptura das ligações fosfodiéster que ligam os nucleotídeos entre si, cortando o DNA em minúsculos pedacinhos que são incapazes de constituir vida, inteligente ou não, da forma como conhecemos. Sei que a temperatura na superfície do Sol é muito maior do que míseras centenas de graus Celsius (e, no seu interior, é ainda maior) e, portanto, estou convicto que não podemos encontrar vida inteligente no Sol. É claro, e esse é um dos pontos-chave da questão, que pode existir vida no Sol, baseada em outras cadeias químicas ou em coisas completamente inusitadas para nós no dia de hoje. A minha pergunta para essa pessoa é similar àquela feita pela dona de casa ao indivíduo que diz fazer o bolo com um centésimo dos ingredientes: explique-me, através de um raciocínio lógico e mostrando passo a passo, como é que pode existir vida inteligente no Sol? Como a pessoa não é capaz de explicar e nem de apresentar provas convincentes, mantenho-me cético com relação a esse fato, assim como a dona de casa manteve-se cética com relação ao bolo econômico. Algum dia, num futuro sabe-se lá quão distante, pode-se chegar a fazer tal bolo ou mostrar a existência de tal vida. Até lá, a dona de casa e eu nos manteremos céticos com relação a cada um dos fatos.

O mesmo raciocínio pode ser aplicado a grande parte dos fenômenos místicos, parapsicológicos ou religiosos. Enquanto ninguém mostrar evidências ou explicar detalhadamente através de raciocínios lógicos que um determinado evento (seja uma cura através das mãos, uma torção de talheres com a força da mente, uma abdução por alienígenas, a existência de Deus ou um bolo com um centésimo dos ingredientes) realmente existe ou pode acontecer, temos o direito e o dever de permanecermos céticos em relação a ele. Do contrário seríamos obrigados a acreditar em qualquer coisa que qualquer um inventasse, como o fato de sermos controlados por uma mente em forma de ostra. Se não há evidências de que somos controlados por uma mente em forma de ostra ou que existe vida após a morte, não temos por que acreditar em uma ou outra coisa, por mais que um milhão de pessoas nos digam que já viram em seus sonhos uma mente em forma de ostra dizendo-lhes o que fazer.

Somente com uma maior educação científica e cética a população conseguirá se desvencilhar de crenças e misticismos absurdos, sem quaisquer evidências físicas e criados a partir de lógicas falhas. Com uma legião de céticos espalhados pelas mais diversas áreas do conhecimento, da culinária à biologia molecular, poderá chegar um dia em que será muito mais difícil enganar até mesmo a mais simples das pessoas. Mas é claro que toda a minha argumentação pode estar errada ou incompleta. Mostre-me o porquê e poderei, se utilizar bons argumentos explicar passo a passo, concordar com você.


Texto de Francisco Prosdócimi. Será que São Tomé era médico?

Clipe do Dia nº 155



A primeira vez que vi esse clipe, fiquei na dúvida se era o centro de Porto Alegre. É o do Rio.

El Enamorado



Lunas, marfiles, instrumentos, rosas,
lámparas y la línea de Durero,
las nueve cifras y el cambiante cero,
debo fingir que existen esas cosas.


Debo fingir que en el pasado fueron
Persépolis y Roma y que una arena
sutil midió la suerte de la almena
que los siglos de hierro deshicieron.


Debo fingir las armas y la pira
de la epopeya y los pesados mares
que roen de la tierra los pilares.


Debo fingir que hay otros. Es mentira.
Sólo tú eres. Tú, mi desventura
y mi ventura, inagotable y pura.

de Jorge Luis Borges.

Bertrand Russell



Existem assuntos sobre os quais há concordância entre os pesquisadores; as datas dos eclipses podem servir de ilustração. Existem outros assuntos sobre os quais os especialistas discordam. Mesmo quando todos os especialistas concordam, também podem estar enganados. Há vinte anos, a visão de Einstein da magnitude da deflexão da luz pela gravitação teria sido rejeitada por todos os especialistas, e ainda assim provou estar certa. Mas a opinião dos especialistas, quando unânime, deve ser aceita pelos leigos como tendo maior probabilidade de estar certa do que a opinião contrária. O ceticismo  que advogo corresponde apenas a: (1) quando os especialistas estão de acordo, a opinião contrária não pode ser tida como certa; (2) quando não estão de acordo, nenhuma opinião pode ser considerada correta por um não-especialista; e (3) quando todos afirmam que não existem bases suficientes para a existência de uma opinião positiva, o homem comum faria melhor se suspendesse seu julgamento.
Essas proposições podem parecer moderadas; no entanto, se aceitas, revolucionariam de modo absoluto a vida humana.
As opiniões pelas quais as pessoas estão dispostas a lutar e seguir pertencem todas a uma das três classes que o ceticismo condena. Quando existem fundamentos racionais para uma opinião, as pessoas contentam-se em apresentá-los e esperar que atuem. Nesses casos, as pessoas não sustentam suas opiniões de forma apaixonada; o fazem com calma, e expõem suas razões com tranqüilidade. As opiniões mantidas de forma passional são sempre aquelas para as quais não existem bons fundamentos; na verdade, a paixão é a medida da falta de convicção racional de seu defensor. Opiniões sobre política e religião são quase sempre defendidas de forma apaixonada.

Sempre acho engraçado que a maioria esmagadora das pessoas têm opiniões políticas e religiosas semelhantes às dos seus pais. Tenho a forte impressão que normalmente se parte de uma decisão tomada - talvez 'herdada' seja um termo mais preciso nesse caso: por exemplo, "sou cristão", ou "sou anti-petista" - e depois se busca racionalizar essa decisão atentando somente para os argumentos favoráveis àquela decisão.

Votei nulo nessa eleição. Dei vazão ao meu sentimento de que somos todos sub-informados para decidir qual é o melhor candidato; em oposição à ideia de que devemos pelo menos tentar escolher aquele que é o menos pior dentre os disponíveis.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

E um sério...



Carl Sagan, escreve muito.

Woody Allen



Sensacional.

Lagreca



Um clássico inquestionável. 'Déti' metal total. Pá neguinho ficá esperto.

domingo, 3 de outubro de 2010

Bom voto!



  • A mulher-macho que se aproveita do efeito esmola do Bolsa-Família do nosso presidente-populista e que está aliada à corja da política nacional (só vou citar o Collor).
  •  O careca de sotaque paulista notavelmente sem pulso para presidir o país e que está coligado com os herdeiros da ditadura.
  •  A candidata moderna da juventude que paradoxalmente é evangélica e acreana, além de ser de um partido tão pequeno que virará refém dos partidos grandes caso seja eleita.
  • O velho fanfarrão que levaria o país a bancarrota em uma semana com suas ideias simplórias sobre a dívida externa.



Invariavelmente me lembro da cena de 'Citizen Kang', uma das três histórias do episódio 'Treehouse of Horror VII' dos Simpsons na qual os alienígenas Kang e Kodos são informados por Homer que o próximo líder do planeta Terra será Bill Clinton ou Bob Dole, conforme os resultados da eleição norte-americana. Então, os extra-terrestres abduzem os dois candidatos e usam disfarces para se passarem por eles e garantir que um dos dois será eleito "líder do planeta Terra". Em determinado momento do episódio, a Marge está vendo o telejornal quando Clinton (na verdade, o alienígena disfarçado de Clinton) aparece e dá a seguinte declaração:

- Não importa em qual de nós dois vocês votem, o planeta de vocês está condenado... con-de-na-do.

E assim que a câmera volta a filmar Kent Brockman, ele solta o seguinte comentário:

- Declaração bem realista do candidato Clinton.

Clipe do Dia nº 154



Hit indiscutível nas saudosas Catacumbas...

sábado, 2 de outubro de 2010

Clipe do Dia nº 153



Como escreveu Douglas Adams: Anyone who is capable of getting themselves made President should on no account be allowed to do the job. Bom, acho que a música e a frase resumem bem meus sentimentos com relação à eleição de amanhã. Mas também não custa lembrar aquela outra frase, de Winston Churchill: It has been said that democracy is the worst form of government except all the others that have been tried.

Mente, Linguagem e Sociedade


Na maioria das principais questões filosóficas, existe aquilo que poderíamos chamar, empregando uma metáfora usada para computadores, de posição-padrão. Posições-padrão são as opiniões que temos antes da reflexão, de modo que qualquer desvio delas exige um esforço consciente e um argumento convincente. Eis as posições-padrão para algumas questões principais:

• Há um mundo real que existe independente de nós, independente de nossas experiências, pensamentos, linguagem.
• Temos acesso perceptivo direto a esse mundo por meio de nossos sentidos, especialmente o tato e a visão.
• As palavras da nossa linguagem, palavras como coelho ou árvore, têm em geral significados razoavelmente claros. Por causa de seus significados, podem ser usadas para nos referirmos aos objetos reais do mundo e para falarmos deles.
• Nossas afirmações são, em geral, verdadeiras ou falsas dependendo de corresponderem ao modo como as coisas são, ou seja, aos fatos do mundo.
• A causalidade é uma relação real entre objetos e estados de coisas do mundo, uma relação pela qual um fenômeno, a causa, provoca o outro, o efeito.

Em nossa vida diária, esses pontos de vista são tão aceitos que penso ser enganoso descrevê-los como "pontos de vista" – ou hipóteses, ou opiniões. Por exemplo, não é minha opinião que o mundo real existe, da maneira que é minha opinião que Shakespeare era um grande dramaturgo. Essas pressuposições geralmente aceitas fazem parte do que chamo de Pano de Fundo de nosso pensamento e linguagem. Uso maiúsculas para que fique claro que estou empregando o termo quase como se fosse um termo técnico, e mais adiante explicarei seu significado com maiores detalhes.
Grande parte da história da filosofia consiste em ataques a posições-padrão. Os grandes filósofos muitas vezes são famosos por rejeitarem aquilo que todo mundo aceita. O ataque característico começa apontando os enigmas e paradoxos da posição-padrão. Aparentemente, não podemos adotar a posição-padrão nem acreditar em uma série de outras coisas em que gostaríamos de acreditar. Portanto, a posição-padrão deve ser abandonada e substituída por algum ponto de vista novo e revolucionário. Alguns exemplos famosos são a refutação por David Hume da ideia de que a causalidade é uma relação real entre eventos do mundo, a refutação pelo bispo George Berkeley do ponto de vista segundo o qual um mundo material existe independentemente das percepções que temos dele e a rejeição de Descartes, bem como de muitos outros filósofos, do ponto de vista segundo o qual podemos ter um conhecimento perceptivo direto do mundo. Mais recentemente, presume-se que Willard Quine tenha refutado o ponto de vista segundo o qual as palavras, em nossa linguagem, têm significados determinados. E vários filósofos pensam haver refutado a teoria da verdade como correspondência – o ponto de vista segundo o qual, se uma afirmação é verdadeira, geralmente o é porque existe algum fato, situação ou estado de coisas no mundo que a torna verdadeira.
Acredito que, em geral, as posições-padrão são verdadeiras, e que os ataques contra elas são equivocados. Penso que este é certamente o caso para todos os exemplos que acabo de apresentar. É pouco provável que as posições-padrão tivessem sobrevivido durante séculos, às vezes durante milênios, aos percalços da história da humanidade se fossem tão falsas quanto os filósofos as pintam. Mas nem todas as posições-padrão são verdadeiras. Talvez a mais famosa posição-padrão seja a de que cada um de nós é formado por duas entidades separadas, um corpo de um lado e uma mente ou alma do outro, e que essas duas entidades estão juntas durante nossas vidas, mas são independentes no sentido de que nossas mentes ou almas podem se separar  de nossos corpos e continuar a existir como entidades conscientes mesmo depois de nossos corpos serem totalmente aniquilados. Esse ponto de vista se chama "dualismo". Penso que ele é falso, e direi por que no Capítulo 2. Em geral, no entanto, as posições-padrão têm mais chances de estarem certas do que suas alternativas, e é um fato triste na minha profissão, embora ela seja maravilhosa, que os filósofos mais famosos e mais admirados sejam muitas vezes aqueles que têm as teorias mais absurdas.


Que alívio ler isso de um filósofo (John R. Searle, mais especificamente)! Depois reclamam que não se leva a filosofia a sério: muitas vezes parece uma competição de quem consegue levantar os argumentos mais convincentes para defender a posição mais absurda. Eu acredito que é possível sim fazer boa filosofia, desde que não se negue o óbvio (as posições-padrão de Searle) e se leve em consideração o nosso conhecimento científico sobre o mundo (É sempre uma boa ideia nos lembrarmos dos fatos, nos lembrarmos daquilo que realmente sabemos.). É o que fazem Peter Singer, Colin McGinn, Daniel Dennett, Michael Shermer, Julian Baggini e muitos outros.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Clipe do Dia nº 152



I'm sick to my guts of the American... Ruse!

George C. Williams


Li hoje na Science que faleceu George C. Williams, biólogo evolutivo e autor de pelo menos quatro livros espetaculares que eu li: 'Adaptation and Natural Selection' (1966, uma crítica clássica à seleção de grupo em contraste com a seleção individual para propagação genética), 'Natural Selection: Domains, Levels, and Challenges' (1992, uma continuação da sua discussão sobre o nível de atuação da seleção natural, incluindo a proposição da ideia de seleção de clado), 'Why We Get Sick: The New Science of Darwinian Medicine' (1994, escrito com o médico Randolph Nesse sobre as inúmeras aplicações que a teoria da seleção natural pode ter para auxiliar a pesquisa médica e evitar concepções incompatíveis com a evolução que muitos médicos ainda sustentam) e 'Plan and Purpose in Nature' (1996, o seu único livro de divulgação científica, no qual ele discute os aspectos mal-adaptados dos organismos: o que é esperado se eles forem produto de um processo de evolução por seleção natural, e não da criação de um projetista consciente). O único que eu não li foi o 'Sex and Evolution' de 1975, no qual ele aborda o problema evolutivo da persistência da reprodução sexuada.

Dois livros tiveram tradução para o português: 'Por Que Adoecemos: A Nova Ciência da Medicina Darwiniana' e 'O Brilho do Peixe-Pônei' (tradução do 'Plan and Purpose in Nature'). Recomendo para todos que estiverem atrás de um excelente e agradável livro de biologia evolutiva.