quinta-feira, 3 de março de 2011

A democracia corrompe?



A presidenta Dilma Rouseff tornou-se a sexta pessoa a assumir a presidência da República desde o fim da ditadura no Brasil. Todos os mandatários anteriores testemunharam em seus governos pelo menos um escândalo de corrupção perpetrada por membro do alto escalão do Poder. E não é tão raro quanto deveria ser ouvir alguém diante de nova notícia de corrupção clamando pela volta de uma ditadura. Será que o governo se tornou mais corrupto após a redemocratização?

Em primeiro lugar, é importante chamar atenção para um fato óbvio: a censura sobre a sociedade em geral e sobre os meios de comunicação em particular impedia uma ampla divulgação de quaisquer casos de corrupção que viessem a ser descobertos. A corrupção, que vira escândalo ao parar em todos os jornais nos dias de hoje, era rapidamente abafada pela repressão na ditadura: a sociedade nem tomava conhecimento sobre o ocorrido.

Além disso, é da natureza do governo democrático impingir transparência e publicidade aos seus atos, o que facilita, e muito, a fiscalização em busca de desvios éticos. E um número de entidades, tais como o Ministério Público e os órgãos de imprensa, submetem o governo a intenso e contínuo escrutínio de suas atividades, o que aumenta drasticamente a probabilidade de detecção de casos de corrupção, os quais passariam batidos em uma ditadura.

Portanto, o que parece à primeira vista um aumento na corrupção, é na realidade a feliz consequência de princípios democráticos em ação: a liberdade de imprensa, a transparência na gestão pública e a fiscalização constante sobre o Poder Público. A corrupção que antes ficava restrita ao conhecimento de alguns, hoje frequenta os nossos jornais; e esse é o melhor modo de combater a corrupção em nosso país.

(Redação cujo tema era 'A corrupção no Brasil'.)

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