sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz 2011



New Year's eve is like every other night; there is no pause in the march of the universe, no breathless moment of silence among created things that the passage of another twelve months may be noted; and yet no man has quite the same thoughts this evening that come with the coming of darkness on other nights.
- Hamilton Wright Mabie, escritor norte-americano (1846-1916)

Clipe do Dia nº 199



Ray Charles também sabia tocar jazz...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Clipe do Dia nº 198



Um standard do blues.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Clipe do dia nº 197



Chapeuzinho Vermelho em versão semi-erótica.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Santa Catarina


Santa Catarina de Alexandria. Certamente mais um dos engodos medievais do catolicismo, a religião que se diz monoteísta (na verdade, um triteísmo bizarro: "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo") mas abrange um panteão de santos que deixou os gregos muito pra trás em número de entidades veneradas. Minha única simpatia por essa provavelmente inventada personalidade é que ela provavelmente inspirou o batizado do agradável Estado de Santa Catarina, membro da nossa estimada federação brasileira. E é pra lá que estou indo, curtir aquele litoral inigualável e tão próximo de Porto Alegre.

P.S. Programei alguns posts até o dia primeiro: músicas para embalar o final de ano.

Minha amada imortal


Fica tranquila. Contemplando com confiança a nossa vida alcançaremos o nosso objetivo de vivermos juntos. Fica tranquila, queiras-me. Hoje e sempre, quanta ansiedade e quantas lágrimas pensando em ti... em ti... em ti, minha vida... meu tudo! Adeus... queiras-me sempre! Não duvides jamais do fiel coração de teu enamorado [Vini]. Eternamente teu, eternamente minha, eternamente nossos.

Clipe do Dia nº 196



Sonic Youth mandando bala numa música bem tranquila.

A Morte fala



Havia um mercador em Bagdá que mandou seu servo ao mercado comprar provisões e pouco depois o servo voltou, branco e trêmulo, dizendo: Mestre, agora mesmo, quando eu estava no mercado, fui empurrado por uma mulher na multidão e quando me voltei vi que tinha sido a Morte que tinha esbarrado em mim. Ela olhou para mim e fez um gesto ameaçador; me empreste seu cavalo, e eu cavalgarei desta cidade e evitarei meu destino. Eu irei para Samara, onde a Morte não me encontrará. O mercador emprestou a ele seu cavalo, o servo montou, esporeou seus flancos e partiu na maior velocidade que o cavalo podia. Então o mercador voltou para o mercado e me viu de pé na multidão, se aproximou e disse: por que você fez um gesto ameaçador para meu servo quando o viu esta manhã? Não foi um gesto ameaçador, eu disse, apenas uma expressão de surpresa. Eu fiquei surpresa de vê-lo em Bagdá, pois tenho um encontro com ele esta noite em Samara.

De Somerset Maugham.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Clipe do Dia nº 195



You can talk to me! You can talk to me! You can talk to me, if you're lonely you can talk to me!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Clipe do Dia nº 193



Eu via o clipe dessa música no Disk MTV apresentado pela Sabrina, logo depois de chegar do Instituto.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Clipe do Dia nº 192



Rock and roll!!!

Clipe do Dia nº 191



Me lembra quando eu ia no Porão e tal.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Clipe do Dia nº 190



Vi essa música ganhar o Oscar de melhor canção. Quem diria, hein? O Oscar premiando alguém que realmente é bom.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Seongnam Ilhwa versus Internazionale


Encerrada porra nenhuma! A vida também é feita de derrotas... É bola pra frente, mermão. E a Internazionale, com a lição da outra semi-final em mente e muita habilidade no pé, não deu chance pro azar e fez um jogo sereno contra os sul-coreanos. O golzinho no início garantiu a tranquilidade, e os dois gols seguintes vieram ao natural. Inter 3 a 0. Agora é ver se o Mazembe ainda tem bala na agulha para outra façanha na final. Eu gostaria que sim, mas acho que não...

Clipe do Dia nº 189



Ah, a música. Um bálsamo.

Mazembe versus Inter


Por motivos de força maior, declara-se encerrada a cobertura da Copa do Mundo de Clubes FIFA. A derrota na final da Libertadores em 1980 para o Nacional do Uruguai, perder a final do Brasileiro de 1988 para o Bahia em casa, apanhar da LDU nos dois jogos da Recopa de 2009, ver o Ronaldo faturar a Copa do Brasil também em 2009, ser eliminado na primeira fase da Libertadores de 2007, levar 4 a 0 do Juventude na semi-final da Copa do Brasil em 1999, as duas goleadas na Bombonera para o Boca Juniors pelas Sul-Americanas de 2004 e 2005, a eliminação em casa para o Olimpia na semi-final da Libertadores de 1989... Todo time tem sua coleção de vexames e derrotas doloridas.

Ontem, o Inter conseguiu o maior de todos. É o nosso análogo do bi-rebaixamento.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Al Wahda versus Seongnam Ilhwa


Quartas-de-final na chave pelo lado da Internazionale de Milão: o time-da-casa Al Wahda contra o campeão asiático Seongnam Ilhwa da Coreia do Sul. O clube coreano foi fundado em 1989 e já o mais bem-sucedido time do país em nível doméstico, com sete campeonatos nacionais no currículo. O Andrézinho deve conhecer bem o time, pois jogou no também sul-coreano Pohang Steelers até 2007. Só pra variar, os destaques do time são os estrangeiros: o argentino Molina e o montenegrino Radončić (um time que tem um montenegrino como destaque já diz muita coisa sobre a sua qualidade técnica).

E o pior de tudo é que o time sul-coreano é o melhor dos coadjuvantes do Mundial: bem organizado, toca relativamente bem a bola e corre muito. Golearam os árabes por 4 a 1, e agora vão perder para a Inter da Milão na semi-final. Só uma zebra de proporções continentais para a final Inter x Inter não ocorrer.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Clipe do Dia nº 188



Há 42 anos atrás iniciavam-se as gravações do Rolling Stones Rock and Roll Circus, contando com participações de The Who, Jethro Tull, Eric Clapton, Taj Mahal, Marianne Faithful, John Lennon e (infelizmente) Yoko Ono.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Clipe do Dia nº 187



Donavon Frankenreiter. Ele é bigonei. Ele surfa. Ele tem voz fina. Ele faz músicas muito boas.

Mazembe versus Pachuca


Quartas-de-final na chave pelo lado do Colorado: o Mazembe, campeão africano, contra o Pachuca, campeão da CONCACAF (Américas do Norte e Central).

O Mazembe vem do Congo, um daqueles países subsaarianos em que os caras brincam de ter melanina. Mesmo que queiramos desacreditar os estereótipos, não adianta: todos times africanos sempre parecem o mesmo... Uns caras parrudos com muita força física e muito fôlego, mas uma mediana habilidade com a pelota. Agora o mais típico dos africanos é aquela atitude despretensiosa e fanfarrona, que invariavelmente acaba custando a vitória ao time. Talvez se eles fossem um pouco mais aplicados, poderiam até fazer alguma frente aos times bons (leia-se europeus e sul-americanos). O festival de penteados bizarros e a torcida incomodando foi uma reprise inevitável da Copa da África do Sul que ocorreu no meio do ano (por sorte, não tinham vuvuzelas, mas a fanfarra com músicas repetitivas durante o jogo inteiro quase foram um substituto à altura).

Já o Pachuca vem do México, um país muito simpático, principal fornecedor de mão-de-obra ilegal para o Império Ianque e com um povo fanático por futebol. O que é um fato muito curioso, considerando que os times mexicanos (a seleção nacional inclusive) teimam em serem ruins. Às vezes, dão um pequeno susto (lembro da linda eliminação do Flamengo pelo América do México em pleno Maracanã pela Libertadores em 2008), mas não passa muito disso. Taça que é bom, eles só ganham lá na CONCACAF. E o Pachuca foi aquele time que levou um sacode do Inter na Recopa em 2007 (sim, contradizendo minha frase anterior, o Pachuca foi campeão da Sul-Americana em 2006).

Logo, essa partida era similar à final da Copa do Mundo desse ano entre Espanha e Holanda: dois times com fama, histórico e alma de perdedor. Se fosse possível, teríamos que declarar dois derrotados ao final do jogo. Como o futebol não permite isso, o Mazembe conseguiu um gol no primeiro tempo (boa jogada, por sinal) e de resto correu muito, trombou bastante e baixou o sarrafo nos chicanos. O Pachuca seguiu à risca a mística mexicana e não conseguiu fazer nada para reagir (ok, eles até conseguiram duas bolas na trave). A figura do jogo certamente foi o goleiro Kidiaba, com seu tique de piscar os olhos, sua defesa destemida e a comemoração caótica. Mazembe 1 a 0: Colorado pega mais uma vez um time africano na semi-final.

Al Wahda versus Hekari United


É, meu amigo, ver os jogos relevantes do Mundial inclui ver uma bucha dessas... O campeão dos Emirados Árabes Unidos, o Al Wahda, contra o campeão da Oceania, o Hekari United da Papua Nova Guiné. Com a saída da Austrália da OFC, o nível do time-representante da Oceania vai ser sempre esse aí: times semi-profissionais que recém descobriram que a bola é redonda. Por outro lado, os árabes conseguem trazer alguns estrangeiros com os seus petrodólares, de modo a conferir um nível mais aceitável aos seus times. No caso do Al Wahda, temos os brasileiros Hugo (já jogou no São Paulo e no Grêmio), Fernando Baiano (jogou no Corinthians, Inter e Flamengo) e Magrão (ex-Palmeiras, Corinthians e Inter).

Um resultado muito mais do que esperado: goleada de 3 a 0 do Al Wahda, com dois gols de brasileiros (Hugo e Fernando Baiano). O Fernando Baiano foi o melhor do time, sem dúvida. O Al Wahda pega o sul-coreano Seongnam Ilhwa nas quartas-de-final, pelo lado da Internazionale de Milão.

FIFA Club World Cup 2010


E considera-se iniciada a cobertura oficial da Copa do Mundo de Clubes FIFA 2010 neste blog. A partir da minha sala, via Sportv com qualidade HD e tela Sony 46 polegadas, verei todos os jogos relevantes desse campeonato que reúne os seis campeões das confederações continentais e também o campeão nacional do país-sede, o Emirados Árabes Unidos. Dale Inter (o de Porto Alegre, óbvio)!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Clipe do Dia nº 186



Uma das minhas preferidas do Coltrane.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Clipe do Dia nº 185



Fugazi. Everybody movin'!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Celular



Dica do Guima.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Clipe do Dia nº 184



A primeira música que eu baixei do Bad Religion foi essa. Descobri ela pela capa do single, uma obra-prima da blasfêmia:

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Christopher Hitchens



Take the risk of thinking for yourself. Much more happiness, truth, beauty and wisdom will come to you that way.

Luto


Um mito da comédia se foi.

No tip: it's my birthday!



Mas no quesito 'letra', essa ganha.

Clipe do Dia nº 1(9)83



A melhor canção de aniversário! Feliz aniversário pra mim!

domingo, 28 de novembro de 2010

Clipe do Dia nº 182



Às vezes o cara quer tomar um galão de ceva e se acabar num show de rock. Em outras horas, é bom partir pro ilícito e viajar num reggae. Agora pra ficar em casa numa boa, o legal é tomar um vinho e apreciar uma música dessas.

sábado, 27 de novembro de 2010

Clipe do Dia nº 181



Resolvi botar um pouco na rádio 'Rock', e deu essa. Achei que já tinha escutado em algum filme do Tarantino, mas não... Melhor ainda: escutei num filme do Kubrick, no 'Full Metal Jacket'.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Clipe do Dia nº 180



Essa é culpa da rádio 'Jazz Clássico'...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Michael Jackson



Nada como um humor bem besta pra fazer rir... Tem também a clássica entrevista dele com o Joselito.

Clipe do Dia nº 179



Outra pérola da rádio 'Blues'...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Clipe do Dia nº 178



Para estudar, fico alternando entre as rádios 'Jazz Clássico' e 'Blues' da Net Digital... Várias pérolas descobertas. Essa é uma delas.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Flagrante


Ela depois de ver a afilhada.

Clipe do Dia nº 177



Tô numa fase Sublime de novo... Life is too short so love the one you got cause you might get runover or you might get shot

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Definição precisa

MAN, n. An animal so lost in rapturous contemplation of what he thinks he is as to overlook what he indubitably ought to be. His chief occupation is extermination of other animals and his own species, which, however, multiplies with such insistent rapidity as to infest the whole habitable earth and Canada.


Do 'Devil's Dictionary', escrito pelo jornalista Ambrose Bierce.

Clipe do Dia nº 176



Ozzy em Porto Alegre. Já estou lá, com todos os camisas-pretas! Um colega meu mineiro no 2º grau, o Marquinhos, me apresentou pro Black Sabbath e pra carreira-solo do Ozzy. Era bem na época que a MTV passava esse clipe (excelente, diga-se de passagem). E quem me avisou do show e primeiro se declarou parceiro pro show de março foi outro bróder, também mineiro e também metaleiro. Metaaal!

Discos da Vida: Texas Flood


Como muita gente deve saber, comecei a gostar de verdade de música a partir do 'Smash' do Offspring. E dali fui enveredando para outras bandas de punk dos anos 1990, e de lá para o rock and roll mais clássico (desde Beatles e Chuck Berry até Nirvana e Metallica). Desde aquela época, eu já tinha muita simpatia pelo blues. Primeiro, porque é música de negrão, e os negrão (sic) são muito foda em música: eles só inventaram o rock, o blues e o jazz... Precisa dizer mais? Segundo, por influência do meu pai, que é fanático por blues.

Então, seguindo o caminho em direção ao passado, eu comecei a pesquisar aquela zona híbrida entre blues e rock, alguns artistas mais pro rock (e.g., Led Zeppelin, Stones) e outros mais pro blues puro. E aí que entra o Stevie Ray Vaughan. A primeira música que eu baixei dele (saudoso Napster) foi 'The House is Rockin'', que - como é possível deduzir a partir do nome - é bem roqueira. Já gostei bastante do rapaz e baixei mais uma dúzia de outras músicas, que na verdade são muito mais blues do que rock.

Foi bem depois disso que eu resolvi baixar toda a (curta) discografia do S.R.V., principalmente por causa da forte campanha realizada pelo Cabelo, que é fã declarado e me emprestou uns DVDs sensacionais do cara. E então eu descobri que o disco que eu mais curto do Stevie Ray é o primeiro, chamado Texas Flood e lançado em 1983. Ele viria a morrer apenas 7 anos depois, com 30 anos de idade num acidente de helicóptero.

Stevie Ray Vaughan é o melhor blueseiro branco e humano que já existiu. Isso porque 'Clapton is God', não é humano...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cannabis

A very similar improvement in my appreciation of music has occurred with cannabis. For the first time I have been able to hear the separate parts of a three-part harmony and the richness of the counterpoint. I have since discovered that professional musicians can quite easily keep many separate parts going simultaneously in their heads, but this was the first time for me. Again, the learning experience when high has at least to some extent carried over when I’m down. The enjoyment of food is amplified; tastes and aromas emerge that for some reason we ordinarily seem to be too busy to notice. I am able to give my full attention to the sensation. A potato will have a texture, a body, and taste like that of other potatoes, but much more so. Cannabis also enhances the enjoyment of sex – on the one hand it gives an exquisite sensitivity, but on the other hand it postpones orgasm: in part by distracting me with the profusion of image passing before my eyes. The actual duration of orgasm seems to lengthen greatly, but this may be the usual experience of time expansion which comes with cannabis smoking.
- Carl Sagan


Um cara fodalhão pra caralho como o Carl Sagan fumou maconha metade da vida e continuou sendo inteligente, produtivo e um maridão exemplar até falecer aos 62 anos de idade. A hipocrisia com relação à maconha no mundo inteiro é patética: o álcool é muitíssimo mais destrutivo e perigoso e no entanto é legalizado e tolerado por praticamente todos os países. Claro que - como muitas coisas na vida (álcool inclusive) - é uma questão de dose. Agora proibir a maconha ao mesmo tempo em que se permite o álcool é uma incoerência inexplicável: ou se proibe os dois, ou se legaliza os dois. Eu voto pela segunda opção.

Enfim, o texto completo do Sagan está aqui. Senão, só deixo mais um trecho:

I have mentioned that in the cannabis experience there is a part of your mind that remains a dispassionate observer, who is able to take you down in a hurry if need be. I have on a few occasions been forced to drive in heavy traffic when high. I’ve negotiated it with no difficult at all, though I did have some thoughts about the marvelous cherry-red color of traffic lights. I find that after the drive I’m not high at all. There are no flashes on the insides of my eyelids. If you’re high and your child is calling, you can respond about as capably as you usually do. I don’t advocate driving when high on cannabis, but I can tell you from personal experience that it certainly can be done. My high is always reflective, peaceable, intellectually exciting, and sociable, unlike most alcohol highs, and there is never a hangover. Through the years I find that slightly smaller amounts of cannabis suffice to produce the same degree of high, and in one movie theater recently I found I could get high just by inhaling the cannabis smoke which permeated the theater.

Clipe do Dia nº 175



Show de reggae é uma maravilha: o cara fica lá, no mesmo lugar, dando uma balançadinha de leve, ficando chapado por tabela e curtindo as ganha. Além disso, o público é massa (sem trocadilhos...) e a música é uma pira louca: o baixo comandando, os sopros dando aquela preenchida no som e a guitarra dando o compasso pra dança.

É 'música de cansado', segundo a definição da Kelly. Eu acho que é música de descansado, pra escutar na beira da praia, bem tranquilo...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Clipe do Dia nº 174



The Who fazendo cover de Mose Allison. Uma guitarra bem distorcida tem o seu valor, apesar de que a versão original é muito boa também.

Clash of Titans



Sem comentários.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Clipe do Dia nº 173



Jimi playin' the blues...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Clipe do Dia nº 172



E tava bom o show do Millencolin ontem...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Singer & Dawkins



Dois herois: Peter Singer e Richard Dawkins. Pra quem tá bem do inglês, vale muito a pena ver.

1ª Divisão



Faz 11 anos da única vez que chegamos perto daquela vergonha chamada 2ª Divisão. Ao contrário do nosso co-irmão, que gosta tanto de lá que já foi duas vezes:

Jessé no Portão da Esperança



Eu sô mindingo.

Clipe do Dia nº 171



Lançado em 1995, baseado na gravação demo que John Lennon deixou e que foi completada pelos outros três Beatles. Lembro de ver a estreia desse clipe no Fantástico. Sensacional

Paul McCartney



Um dia desses eu estava no Lucas Bar tomando umas enquanto esperava para entrar no Gigante da Beira-Rio quando chega o Lucas - um pouco ébrio já - e me pergunta antes de qualquer coisa: "Tu prefere Beatles ou Stones?" (Provavelmente uma das perguntas mais repetidas sobre rock and roll.) Sem titubear, respondi na paleta: "Beatles!" Para minha surpresa, o Lucas diagnostica: "É reaça." Pelo jeito, quem gosta de Rolling Stones é esquerda e quem gosta de Beatles é direita. Eu acredito que lá na década de 1960 essa correlação de fato pudesse existir, mas de qualquer maneira eu sou Beatles toda vida.

Ele não me deu tempo para explicar minha escolha, mas a minha justificativa principal poderia ser resumida em uma única frase: TUDO AQUILO EM 7 ANOS. Toda aquela discografia incomparável dos Beatles, começando com os divertidos ié-ié-ié dos cinco primeiros discos, passando pelo amadurecimento consistente de 'Rubber Soul' e 'Revolver', o revolucionário 'Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band', o incrível Álbum Branco, a psicodelia infantil do 'Yellow Submarine' até os last but not least 'Abbey Road' e 'Let It Be'. Essa jornada toda durou apenas 7 anos, e nesse curto período de tempo os Beatles se transformaram na maior banda de rock and roll da história, sem que ninguém chegasse perto dessa façanha 40 anos depois. Concordo com John Lennon (mesmo ele se retratando dessa frase logo após a ter pronunciado): "The Beatles are bigger than Jesus." Com certeza ainda são! Nenhuma religião conseguiu trazer tanta alegria a tantas pessoas de origens e criações tão diferentes em tão pouco tempo.

E lá fui eu com as mulheres da minha vida, ver um dos dois que ainda estão vivos fazer um show exatamente onde começou esse post: lá no Gigante da Beira-Rio. Baixei todas minhas expectativas pensando que ele já devia estar velho, que show em estádio é sempre pior (lembranças do AC/DC), que a carreira-solo do Paul não é tão boa... Ledo engano: foi um dos shows mais afudê que eu já vi na minha vida. O coroa botou o Beira-Rio abaixo.

Longa vida a John, Paul, George e Ringo!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Clipe do Dia nº 170



Freestyle love. Começou com música (a troca incessante de mp3s), clipes (links do YouTube), cinema (só falando sobre e de vez em quando uma cena marcante pelo YouTube), política (sempre ela, originou o nome do blog), colégio (o saudoso), profissão (biojornalismo?)... Ela era apenas uma imagem em jpeg na janela do MSN. A imagem virou a mulher, e daí vieram as cervejas (e os banhos de cerveja), as noites lunáticas (litros de cerveja nas sinucas, bambus, cabarets, porões, ocidentes, puertas rojas e outros botecos da vida), as noites tranquilas (jantas da cozinha destrambelhada, DVDs, televisão, conversa, incenso, velas, flores), a rivalidade futebolística intra-casal (culminando com o primeiro Gre-Nal visto juntos), as viagens (melhoram vertiginosamente com a companhia ideal), o dicionário (em constante atualização)... E a mulher virou a única. Freestyle love: year number one.

Tá bonito, tá gostoso!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Negro?



Cheguei a conclusão que na verdade eu sou negro.

Clipe do Dia nº 169



Jazz em preto-e-branco.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Clipe do Dia nº 168




Música para grama, sol e chimarrão.

domingo, 31 de outubro de 2010

Clipe do Dia nº 167



Escutei essa música ontem no rádio. Propaganda subliminar para o Serra.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Clipe do Dia nº 166



Nooooooooooo, you don't know what you'll give up!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Clipe do Dia nº 164



Um épico rock and roll.

Rumo ao vale... outro vale

A evolução adaptativa pode ser vista de maneira simplificada e metafórica como a competição de diferentes alelos presentes em uma população para fixarem-se em seus loci (um determinado "local" do genoma). Em outras palavras, os diferentes alelos existentes - cujas diferenças influenciam a capacidade do seu organismo "hospedeiro" em sobreviver e reproduzir no ambiente no qual se encontra - têm suas freqüências aumentadas ou diminuídas pela seleção natural, conforme essa influência seja positiva ou negativa.

Tomemos o exemplo hipotético mais simples: um alelo A codificando para a enzima E está fixado em uma população, apresentando assim uma freqüência de 100%. Por mutação, surge em um indivíduo o alelo B, que codifica para uma enzima E' com apenas um aminoácido de diferença mas que torna essa enzima um pouco mais eficiente em sua atividade quando comparada com a enzima E (codificada pelo alelo A). O esperado é que o alelo B tenha sua freqüência aumentada ao longo das gerações em detrimento do alelo A, que terá sua freqüencia diminuída, até que o alelo B seja finalmente fixado na população.

A "capacidade do organismo em sobreviver e reproduzir no ambiente no qual se encontra" usualmente é definido como 'aptidão' (ou fitness, em inglês). Logo, seria possível - em princípio - determinar a aptidão para cada genótipo em uma determinada população em determinado ambiente. (Genótipo, no caso de uma espécie diplóide como a nossa, é a combinação de alelos presentes nos dois loci de um indíviduo: como AA, AB ou BB.)

Um modelo visual foi proposto pelo biólogo Sewall Wright na década de 1930 para representar essas diferenças de aptidão entre os genótipos: a paisagem adaptativa ou fitness landscape. Cada ponto no "chão" do gráfico representa um genótipo, e a altura naquele ponto representa a aptidão daquele genótipo.


Com base nesse modelo visual, argumentou-se que a seleção natural conduz as populações "ladeira acima" em direção ao cume, ou seja, em direção aos genótipos de maior aptidão. Da mesma maneira, foi proposto que uma população que estivesse na ladeira cuja inclinação levasse a um cume mais baixo ("local optimum" da figura) não seria capaz de atingir o cume mais alto ("global optimum" da figura), pois a seleção natural não têm "presciência" nem "capacidade" de conduzir a evolução "ladeira abaixo". Portanto, aquela população estaria presa àquele cume menor, incapaz de atravessar o vale em direção ao cume maior.

Mas isso é a seleção natural, com todas suas limitações de um processo sem antevisão. Nós - seres humanos com telencéfalo desenvolvido - podemos descer propositalmente em direção ao vale buscando o cume maior. Mas dessa vez não em direção a um cume de maior aptidão (quem em sua sã consciência fica se preocupando com a eficiente propagação de seus alelos?), mas sim em direção a maior satisfação profissional, maior retorno financeiro, maior felicidade pessoal.

Estou divisando o cume mais alto do lado de lá e começo a minha travessia pelo vale. Wish me luck.

domingo, 24 de outubro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Away disserta sobre os políticos



Porque meu dinheiro, suor da minha testa, não foi feito pra mim dá pra filho de político ir pra Ilhas Galac-TÁS!

Clipe do Dia nº 160




This is Australia.

Sábio Sêneca


A religião é vista pelas pessoas comuns como verdadeira, pelos sábios como falsa, e pelos governantes como útil.
- Lucius Annaeus Seneca (c.4 a.C. - 65 d.C.)

Política, política, política

Não sei se é justificável alguém negligenciar a própria família em prol de estranhos. Será que a política, nesse caso, não é uma mera desculpa para se esquivar das responsabilidades?
- Nelson Mandela


Hoje em dia é moda, é cool, dizer que se gosta de política. Eu acho que política é semelhante ao direito: ambos deveriam representar o que há de mais nobre na nossa natureza, mas - pelo contrário - são as áreas de atividade humana onde o que há de pior na nossa natureza tem as maiores oportunidades de se expressar. E as oportunidades raramente são desperdiçadas.

É cool gostar de política. Eu prefiro música, cinema, biologia, pintura, literatura, filosofia, química, futebol...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Buenos Aires Trip 2010

Solo existen dos motivos por los cuales una persona puede no haber proferido un insulto jamás en su vida: que sea un pelotudo de mierda o que sea un hijo de remil putas.



Eu lembro de ter lido um texto do Luis Augusto Fischer no qual ele dizia que o Jorge Luis Borges era o maior escritor daquele país gaúcho, que consiste na Argentina, no Uruguai e no Rio Grande do Sul. De fato, são óbvias e evidentes as afinidades culturais que nós gaúchos temos com os castellanos: o gosto pela carne, o chimarrão, o pampa, a descendência européia, a cena rock and roll, o viés esquerdista, a acordeona, o machismo, o futebol vencedor, etc, etc, etc. Eu me sinto muito mais em casa em Buenos Aires do que em Brasília.

Os argentinos são como os gremistas: impossível não gostar deles, impossível não torcer contra eles no futebol.

A cidade é incrível, só tive dias de sol por lá, caminhei até cansar, comi muita carne, reencontrei um grande amigo porteño, pratiquei meu castelhano da fronteira (estava melhor do que eu esperava), tomei Quilmes e um excelente vinho mendozino, conheci La Bombonera, e - claro - aproveitei a Morena.

Clipe do Dia nº 159



Ah, os bons tempos do Green Day... Quando eram só os três (sem bandinha de apoio) segurando um show inteiro só com punk rock no osso.

Green Day


A banda tem uma presença de palco muito foda, especialmente o Billie Joe. Não tem nem comparação com os cagados do Oasis, outro show que eu vi no Gigantinho, que ficavam parados e tinham interação zero com o público. O Green Day não: muita pilha, correria, chamas de vários metros de altura, piazada que invadia o palco sendo bem recebida, fogos de artifício, uma sensacional bazuca que lançava camisetas pro público. Valeu muito a pena.

O único porém, já esperado, foi a virada na música que o Green Day teve nos anos 2000, com músicas muito mais pop e, por isso, o show tinha uma grande proporção de público (pré-)adolescente emo. Ao menos, metade do show foi de músicas das antigas: 'Nice Guys Finish Last', 'Burnout', 'Geek Stink Breath', '2000 Light Years Away', 'Hitchin' a Ride', 'When I Come Around', 'Brain Stew', 'Jaded', 'Longview', 'Basket Case', 'She' e a única realmente boa da fase nova 'American Idiot'.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Antropocentrismo



Ann Druyan suggests an experiment: Look back again at the pale blue dot of the preceding chapter. Take a good long look at it. Stare at the dot for any length of time and then try to convince yourself that God created the whole Universe for one of the 10 million or so species of life that inhabit that speck of dust. Now take it a step further: Imagine that everything was made just for a single shade of that species, or gender, or ethnic or religious subdivision. If this doesn't strike you as unlikely, pick another dot. Imagine it to be inhabited by a different form of intelligent life. They, too, cherish the notion of a God who has created everything for their benefit. How seriously do you take their claim?
- Carl Sagan

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Impressões ingênuas


It's natural to think that living things must be the handiwork of a designer. But it was also natural to think that the sun went around the earth. Overcoming naive impressions to figure out how things really work is one of humanity's highest callings.
- Steven Pinker

domingo, 10 de outubro de 2010

Interprete como quiser II


When the only tool you have is a hammer, everything looks like a nail.

sábado, 9 de outubro de 2010

Determinismo



Dado por um instante uma inteligência que pudesse compreender todas as forças pelas quais a natureza é animada e a respectiva situação dos seres que a compõem - uma inteligência suficientemente vasta para submeter esses dados à análise - ela iria abarcar na mesma fórmula os movimentos dos maiores corpos do universo e daqueles mais leves átomos; para ela, nada seria incerto e o futuro, assim como o passado, iria estar perante os seus olhos.
- Pierre-Simon Laplace, Ensaio Filosófico sobre as Probabilidades

É possível conciliar o conceito de livre-arbítrio com aquele de um Universo composto de partículas físicas submetidas a campos de força? Eu acho que não... Acho que o livre-arbítrio é uma ilusão produzida pelo funcionamento do nosso cérebro, que julga tanto o seu possuidor como as outras pessoas que também possuem cérebro como agentes capazes de controlar seu comportamento e, portanto, imputáveis por cometerem crimes e dignas de mérito quando bem sucedidas. Uma ilusão útil e inescapável no nosso cotidiano, mas ainda assim uma ilusão.

E eu só escrevi esse texto porque era inevitável que eu o escrevesse, afinal de contas foi tudo o resultado de partículas físicas submetidas a campos de força.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Clipe do Dia nº 158



Hoje me vou para a nação do tango, do machismo, do futebol truculento, dos caudilhos, do sangue quente, do pampa, da arrogância, do mate, das constantes crises econômicas e do assado. A terra do Maradona, do Che Guevara, do Quino e do Jorge Luis Borges. De lá também vieram os atuais campeões da América Andrés D'Alessandro, Pato Abbondanzieri e Pablo Guiñazu. Um país realmente encantador... ainda mais com a Morena do lado.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Das injustiças


O mundo parece muito injusto: alguns de nós morrem de fome antes de completar a primeira infância, enquanto outros - pelo acaso do nascimento - passam a vida na opulência e no esplendor. Podemos nascer numa família violenta ou num grupo étnico hostilizado, ou podemos começar a vida com alguma deformidade física. Vivemos com o baralho viciado contra nós e depois morremos: é só isso? Nada a não ser um sono sem sonhos e sem fim? Onde é que está a justiça nisso tudo? É desolador, brutal, impiedoso. Não deveríamos ter uma segunda chance numa arena nivelada? Como seria melhor se nascêssemos de novo em circunstâncias que levassem em conta o nosso desempenho na última vida, por mais viciado que o baralho tivesse estado contra nós. Ou, se houvesse um julgamento depois da morte, então - desde que representássemos bem as personalidades que nos foram dadas nesta vida, e fôssemos humildes, fiéis e tudo o mais - deveríamos ser recompensados vivendo alegremente até o fim dos tempos num refúgio permanente, longe da agonia e do turbilhão do mundo. Assim seria, se o mundo fosse idealizado, pré-planejado, justo. Assim seria se os que sofrem com a dor e o tormento recebessem o consolo que merecem.
- Carl Sagan

Clipe do Dia nº 157



Algo do qual a Argentina nunca poderá se gabar sobre nós: Elis Regina. Dica do Guima.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Clipe do Dia n° 156



Fica registrada minha inveja branca de todos aqueles que terão o privilégio de assistir a um show do Queen of The Stone Age na semana que vem, seja em Itu, Montevideo ou Buenos Aires...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O ceticismo e o conhecimento de cada um

So the other disciples told him, "We have seen the Lord!" But he said to them, "Unless I see the nail marks in his hands and put my finger where the nails were, and put my hand into his side, I will not believe it.
John 20:25



Os cientistas são, muitas vezes, céticos com relação à grande maioria dos eventos místicos, paranormais e ufológicos que parecem acontecer à sua volta. Entretanto, devemos considerar que os cientistas são indivíduos que conhecem a natureza do universo melhor do que qualquer outro profissional na sociedade humana. Afinal, essa é sua profissão!

No âmbito de nossa sociedade, cada pessoa se especializa em uma determinada área de seu interesse e se torna cética com relação à sua área de conhecimento (excetuando-se aqui religiosos e místicos, que aceitam certas premissas dogmáticas sem uma gota de ceticismo). Considerando que é impossível que nos especializemos em todas as áreas do conhecimento humano, muitas vezes tendemos a aceitar as opiniões de especialistas. Apesar de tudo, quando o assunto envolve crenças e convicções pessoais, é difícil aceitar o que os especialistas dizem (por mais bem colocado e lógico que seja) e é por isso que nossa sociedade vive tão cheia dos mais absurdos e diferentes mitos.

Experimente, um dia, chegar pra uma dona de casa e dizer que consegue assar um bolo apenas com o calor de suas mãos, que consegue fazê-lo crescer apenas com a força do pensamento ou que utilizando cem vezes menos ingredientes você faz um bolo do mesmo tamanho. Experimente dizer a um engenheiro civil que você é capaz de construir um edifício de vinte andares utilizando apenas um pilar com dois milímetros de diâmetro. Experimente falar a um cientista da computação que você conseguiu fazer com que seu disco rígido de 540 Mb conseguisse armazenar 200 Gb. Experimente surpreender um advogado dizendo que você conseguiu criar um sistema de leis perfeito, onde nunca haveria erros de sentença e todos pagariam de forma justa e adequada por seus atos ilegais. Diga a um publicitário que você bolou uma propaganda que fizesse qualquer um sair correndo para comprar seu produto.

Sou capaz de apostar dez para um como, em todos os casos citados no parágrafo anterior, o profissional, no mínimo, iria duvidar de você. (É claro que algumas vezes ele poderia achar que você é louco e concordar: “– Sim, sim, parece interessante...”) Mas é claro que ele iria querer saber como você conseguiu tal façanha. Todos são céticos quando conhecem o objeto de seu estudo! A dona de casa, por mais humilde que seja, nunca vai acreditar que você consegue fazer um bolo do mesmo tamanho utilizando apenas um centésimo de cada ingrediente. É importante notar que talvez, num futuro distante, seja possível fazer esse bolo com tão poucos ingredientes, mas não vale a pena perder muito tempo com essa pessoa que diz fazê-lo hoje, a não ser que ela explique de forma lógica e mostre passo a passo seus procedimentos.

No caso do cientista pode-se dizer que não vale a pena gastar muita saliva discutindo com uma pessoa que diz que pode haver vida inteligente no Sol, como aconteceu comigo há bem pouco tempo. Toda a vida que já observamos, até hoje, é a que existe na Terra, onde todos os organismos são formados por informações codificadas em cadeias de moléculas que formam os ácidos nucléicos (RNA ou DNA). Sabemos que o DNA se desestabiliza a cerca de 100ºC, quando acontece a quebra das ligações de hidrogênio e a abertura da dupla fita, descaracterizando a forma de dupla hélice da molécula. Numa temperatura um pouco maior acontece a ruptura das ligações fosfodiéster que ligam os nucleotídeos entre si, cortando o DNA em minúsculos pedacinhos que são incapazes de constituir vida, inteligente ou não, da forma como conhecemos. Sei que a temperatura na superfície do Sol é muito maior do que míseras centenas de graus Celsius (e, no seu interior, é ainda maior) e, portanto, estou convicto que não podemos encontrar vida inteligente no Sol. É claro, e esse é um dos pontos-chave da questão, que pode existir vida no Sol, baseada em outras cadeias químicas ou em coisas completamente inusitadas para nós no dia de hoje. A minha pergunta para essa pessoa é similar àquela feita pela dona de casa ao indivíduo que diz fazer o bolo com um centésimo dos ingredientes: explique-me, através de um raciocínio lógico e mostrando passo a passo, como é que pode existir vida inteligente no Sol? Como a pessoa não é capaz de explicar e nem de apresentar provas convincentes, mantenho-me cético com relação a esse fato, assim como a dona de casa manteve-se cética com relação ao bolo econômico. Algum dia, num futuro sabe-se lá quão distante, pode-se chegar a fazer tal bolo ou mostrar a existência de tal vida. Até lá, a dona de casa e eu nos manteremos céticos com relação a cada um dos fatos.

O mesmo raciocínio pode ser aplicado a grande parte dos fenômenos místicos, parapsicológicos ou religiosos. Enquanto ninguém mostrar evidências ou explicar detalhadamente através de raciocínios lógicos que um determinado evento (seja uma cura através das mãos, uma torção de talheres com a força da mente, uma abdução por alienígenas, a existência de Deus ou um bolo com um centésimo dos ingredientes) realmente existe ou pode acontecer, temos o direito e o dever de permanecermos céticos em relação a ele. Do contrário seríamos obrigados a acreditar em qualquer coisa que qualquer um inventasse, como o fato de sermos controlados por uma mente em forma de ostra. Se não há evidências de que somos controlados por uma mente em forma de ostra ou que existe vida após a morte, não temos por que acreditar em uma ou outra coisa, por mais que um milhão de pessoas nos digam que já viram em seus sonhos uma mente em forma de ostra dizendo-lhes o que fazer.

Somente com uma maior educação científica e cética a população conseguirá se desvencilhar de crenças e misticismos absurdos, sem quaisquer evidências físicas e criados a partir de lógicas falhas. Com uma legião de céticos espalhados pelas mais diversas áreas do conhecimento, da culinária à biologia molecular, poderá chegar um dia em que será muito mais difícil enganar até mesmo a mais simples das pessoas. Mas é claro que toda a minha argumentação pode estar errada ou incompleta. Mostre-me o porquê e poderei, se utilizar bons argumentos explicar passo a passo, concordar com você.


Texto de Francisco Prosdócimi. Será que São Tomé era médico?

Clipe do Dia nº 155



A primeira vez que vi esse clipe, fiquei na dúvida se era o centro de Porto Alegre. É o do Rio.

El Enamorado



Lunas, marfiles, instrumentos, rosas,
lámparas y la línea de Durero,
las nueve cifras y el cambiante cero,
debo fingir que existen esas cosas.


Debo fingir que en el pasado fueron
Persépolis y Roma y que una arena
sutil midió la suerte de la almena
que los siglos de hierro deshicieron.


Debo fingir las armas y la pira
de la epopeya y los pesados mares
que roen de la tierra los pilares.


Debo fingir que hay otros. Es mentira.
Sólo tú eres. Tú, mi desventura
y mi ventura, inagotable y pura.

de Jorge Luis Borges.

Bertrand Russell



Existem assuntos sobre os quais há concordância entre os pesquisadores; as datas dos eclipses podem servir de ilustração. Existem outros assuntos sobre os quais os especialistas discordam. Mesmo quando todos os especialistas concordam, também podem estar enganados. Há vinte anos, a visão de Einstein da magnitude da deflexão da luz pela gravitação teria sido rejeitada por todos os especialistas, e ainda assim provou estar certa. Mas a opinião dos especialistas, quando unânime, deve ser aceita pelos leigos como tendo maior probabilidade de estar certa do que a opinião contrária. O ceticismo  que advogo corresponde apenas a: (1) quando os especialistas estão de acordo, a opinião contrária não pode ser tida como certa; (2) quando não estão de acordo, nenhuma opinião pode ser considerada correta por um não-especialista; e (3) quando todos afirmam que não existem bases suficientes para a existência de uma opinião positiva, o homem comum faria melhor se suspendesse seu julgamento.
Essas proposições podem parecer moderadas; no entanto, se aceitas, revolucionariam de modo absoluto a vida humana.
As opiniões pelas quais as pessoas estão dispostas a lutar e seguir pertencem todas a uma das três classes que o ceticismo condena. Quando existem fundamentos racionais para uma opinião, as pessoas contentam-se em apresentá-los e esperar que atuem. Nesses casos, as pessoas não sustentam suas opiniões de forma apaixonada; o fazem com calma, e expõem suas razões com tranqüilidade. As opiniões mantidas de forma passional são sempre aquelas para as quais não existem bons fundamentos; na verdade, a paixão é a medida da falta de convicção racional de seu defensor. Opiniões sobre política e religião são quase sempre defendidas de forma apaixonada.

Sempre acho engraçado que a maioria esmagadora das pessoas têm opiniões políticas e religiosas semelhantes às dos seus pais. Tenho a forte impressão que normalmente se parte de uma decisão tomada - talvez 'herdada' seja um termo mais preciso nesse caso: por exemplo, "sou cristão", ou "sou anti-petista" - e depois se busca racionalizar essa decisão atentando somente para os argumentos favoráveis àquela decisão.

Votei nulo nessa eleição. Dei vazão ao meu sentimento de que somos todos sub-informados para decidir qual é o melhor candidato; em oposição à ideia de que devemos pelo menos tentar escolher aquele que é o menos pior dentre os disponíveis.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

E um sério...



Carl Sagan, escreve muito.

Woody Allen



Sensacional.

Lagreca



Um clássico inquestionável. 'Déti' metal total. Pá neguinho ficá esperto.

domingo, 3 de outubro de 2010

Bom voto!



  • A mulher-macho que se aproveita do efeito esmola do Bolsa-Família do nosso presidente-populista e que está aliada à corja da política nacional (só vou citar o Collor).
  •  O careca de sotaque paulista notavelmente sem pulso para presidir o país e que está coligado com os herdeiros da ditadura.
  •  A candidata moderna da juventude que paradoxalmente é evangélica e acreana, além de ser de um partido tão pequeno que virará refém dos partidos grandes caso seja eleita.
  • O velho fanfarrão que levaria o país a bancarrota em uma semana com suas ideias simplórias sobre a dívida externa.



Invariavelmente me lembro da cena de 'Citizen Kang', uma das três histórias do episódio 'Treehouse of Horror VII' dos Simpsons na qual os alienígenas Kang e Kodos são informados por Homer que o próximo líder do planeta Terra será Bill Clinton ou Bob Dole, conforme os resultados da eleição norte-americana. Então, os extra-terrestres abduzem os dois candidatos e usam disfarces para se passarem por eles e garantir que um dos dois será eleito "líder do planeta Terra". Em determinado momento do episódio, a Marge está vendo o telejornal quando Clinton (na verdade, o alienígena disfarçado de Clinton) aparece e dá a seguinte declaração:

- Não importa em qual de nós dois vocês votem, o planeta de vocês está condenado... con-de-na-do.

E assim que a câmera volta a filmar Kent Brockman, ele solta o seguinte comentário:

- Declaração bem realista do candidato Clinton.

Clipe do Dia nº 154



Hit indiscutível nas saudosas Catacumbas...

sábado, 2 de outubro de 2010

Clipe do Dia nº 153



Como escreveu Douglas Adams: Anyone who is capable of getting themselves made President should on no account be allowed to do the job. Bom, acho que a música e a frase resumem bem meus sentimentos com relação à eleição de amanhã. Mas também não custa lembrar aquela outra frase, de Winston Churchill: It has been said that democracy is the worst form of government except all the others that have been tried.

Mente, Linguagem e Sociedade


Na maioria das principais questões filosóficas, existe aquilo que poderíamos chamar, empregando uma metáfora usada para computadores, de posição-padrão. Posições-padrão são as opiniões que temos antes da reflexão, de modo que qualquer desvio delas exige um esforço consciente e um argumento convincente. Eis as posições-padrão para algumas questões principais:

• Há um mundo real que existe independente de nós, independente de nossas experiências, pensamentos, linguagem.
• Temos acesso perceptivo direto a esse mundo por meio de nossos sentidos, especialmente o tato e a visão.
• As palavras da nossa linguagem, palavras como coelho ou árvore, têm em geral significados razoavelmente claros. Por causa de seus significados, podem ser usadas para nos referirmos aos objetos reais do mundo e para falarmos deles.
• Nossas afirmações são, em geral, verdadeiras ou falsas dependendo de corresponderem ao modo como as coisas são, ou seja, aos fatos do mundo.
• A causalidade é uma relação real entre objetos e estados de coisas do mundo, uma relação pela qual um fenômeno, a causa, provoca o outro, o efeito.

Em nossa vida diária, esses pontos de vista são tão aceitos que penso ser enganoso descrevê-los como "pontos de vista" – ou hipóteses, ou opiniões. Por exemplo, não é minha opinião que o mundo real existe, da maneira que é minha opinião que Shakespeare era um grande dramaturgo. Essas pressuposições geralmente aceitas fazem parte do que chamo de Pano de Fundo de nosso pensamento e linguagem. Uso maiúsculas para que fique claro que estou empregando o termo quase como se fosse um termo técnico, e mais adiante explicarei seu significado com maiores detalhes.
Grande parte da história da filosofia consiste em ataques a posições-padrão. Os grandes filósofos muitas vezes são famosos por rejeitarem aquilo que todo mundo aceita. O ataque característico começa apontando os enigmas e paradoxos da posição-padrão. Aparentemente, não podemos adotar a posição-padrão nem acreditar em uma série de outras coisas em que gostaríamos de acreditar. Portanto, a posição-padrão deve ser abandonada e substituída por algum ponto de vista novo e revolucionário. Alguns exemplos famosos são a refutação por David Hume da ideia de que a causalidade é uma relação real entre eventos do mundo, a refutação pelo bispo George Berkeley do ponto de vista segundo o qual um mundo material existe independentemente das percepções que temos dele e a rejeição de Descartes, bem como de muitos outros filósofos, do ponto de vista segundo o qual podemos ter um conhecimento perceptivo direto do mundo. Mais recentemente, presume-se que Willard Quine tenha refutado o ponto de vista segundo o qual as palavras, em nossa linguagem, têm significados determinados. E vários filósofos pensam haver refutado a teoria da verdade como correspondência – o ponto de vista segundo o qual, se uma afirmação é verdadeira, geralmente o é porque existe algum fato, situação ou estado de coisas no mundo que a torna verdadeira.
Acredito que, em geral, as posições-padrão são verdadeiras, e que os ataques contra elas são equivocados. Penso que este é certamente o caso para todos os exemplos que acabo de apresentar. É pouco provável que as posições-padrão tivessem sobrevivido durante séculos, às vezes durante milênios, aos percalços da história da humanidade se fossem tão falsas quanto os filósofos as pintam. Mas nem todas as posições-padrão são verdadeiras. Talvez a mais famosa posição-padrão seja a de que cada um de nós é formado por duas entidades separadas, um corpo de um lado e uma mente ou alma do outro, e que essas duas entidades estão juntas durante nossas vidas, mas são independentes no sentido de que nossas mentes ou almas podem se separar  de nossos corpos e continuar a existir como entidades conscientes mesmo depois de nossos corpos serem totalmente aniquilados. Esse ponto de vista se chama "dualismo". Penso que ele é falso, e direi por que no Capítulo 2. Em geral, no entanto, as posições-padrão têm mais chances de estarem certas do que suas alternativas, e é um fato triste na minha profissão, embora ela seja maravilhosa, que os filósofos mais famosos e mais admirados sejam muitas vezes aqueles que têm as teorias mais absurdas.


Que alívio ler isso de um filósofo (John R. Searle, mais especificamente)! Depois reclamam que não se leva a filosofia a sério: muitas vezes parece uma competição de quem consegue levantar os argumentos mais convincentes para defender a posição mais absurda. Eu acredito que é possível sim fazer boa filosofia, desde que não se negue o óbvio (as posições-padrão de Searle) e se leve em consideração o nosso conhecimento científico sobre o mundo (É sempre uma boa ideia nos lembrarmos dos fatos, nos lembrarmos daquilo que realmente sabemos.). É o que fazem Peter Singer, Colin McGinn, Daniel Dennett, Michael Shermer, Julian Baggini e muitos outros.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Clipe do Dia nº 152



I'm sick to my guts of the American... Ruse!

George C. Williams


Li hoje na Science que faleceu George C. Williams, biólogo evolutivo e autor de pelo menos quatro livros espetaculares que eu li: 'Adaptation and Natural Selection' (1966, uma crítica clássica à seleção de grupo em contraste com a seleção individual para propagação genética), 'Natural Selection: Domains, Levels, and Challenges' (1992, uma continuação da sua discussão sobre o nível de atuação da seleção natural, incluindo a proposição da ideia de seleção de clado), 'Why We Get Sick: The New Science of Darwinian Medicine' (1994, escrito com o médico Randolph Nesse sobre as inúmeras aplicações que a teoria da seleção natural pode ter para auxiliar a pesquisa médica e evitar concepções incompatíveis com a evolução que muitos médicos ainda sustentam) e 'Plan and Purpose in Nature' (1996, o seu único livro de divulgação científica, no qual ele discute os aspectos mal-adaptados dos organismos: o que é esperado se eles forem produto de um processo de evolução por seleção natural, e não da criação de um projetista consciente). O único que eu não li foi o 'Sex and Evolution' de 1975, no qual ele aborda o problema evolutivo da persistência da reprodução sexuada.

Dois livros tiveram tradução para o português: 'Por Que Adoecemos: A Nova Ciência da Medicina Darwiniana' e 'O Brilho do Peixe-Pônei' (tradução do 'Plan and Purpose in Nature'). Recomendo para todos que estiverem atrás de um excelente e agradável livro de biologia evolutiva.