quarta-feira, 21 de julho de 2010

Em Teu Nome


Lembro de ter visto o trailer desse filme gaúcho com um sotaque bem Porto Alegre, mas não tinha sacado qual a história do filme. Só depois fui saber que se tratava da história de um gaúcho - o Boni - que se engaja na luta armada contra a ditadura militar no Brasil durante a década de 70, acaba preso e se exila no Chile, na Argélia e finalmente na França até retornar ao país. Os atores estão bem, fora a moça ali do meio da foto que tem uma atuação meio forçada. Ok, os personagens também são um tanto estereotipados, principalmente o tal de Onório que em mais de uma cena só aparece pra reprimir Boni sobre o fato de que estudar pra prova e andar de mãos dadas são preocupações pequeno-burguesas e menores quando comparadas à luta contra a ditadura. Ao menos o filme me serviu pra refletir sobre duas questões.

Primeiro, como a ditadura era realmente uma merda, mesmo quando comparada com a nossa bagunçada mas aparentemente estável democracia que aproveitamos hoje em dia. E sempre me dá nos nervos quando eu ouço algum babaca se informando sobre a mais recente denúncia de corrupção política diante da TV defender a volta de uma ditadura. 'Tem que ter uma ditadura pra acabar com essa pouca vergonha', diz a besta desmerecedora de qualquer tipo de consideração e ignorante ao fato de que numa ditadura a TV nem daria esse tipo de notícia.

Segundo, fica a pergunta no ar que encerra o próprio filme: valeu a pena? Valeu a pena toda aquela energia despendida pra causar sofrimento físico e psicológico no 'outro lado'? Me questiono qual foi a real eficácia da luta armada em derrubar a ditadura. Por um lado, parece que só deram mais motivo para os militares aumentarem a repressão. Por outro, diante do monstro autoritário que era o governo brasileiro da época, a luta armada se apresentava como um caminho até razoável. Contudo, será que - ao estilo 'curso inevitável da história', tão caro aos marxistas - a democracia não viria de qualquer forma? Às vezes penso que motivações econômicas internas e o cenário político internacional possam ter sido muito mais determinantes na reabertura política do que a luta armada. Talvez a democracia viesse até antes se a esquerda tivesse se contentado com meios não-violentos de combate à ditadura. Será?

Um comentário:

Pree disse...

Adorei! Já investiu na literatura da época. Tem coisas sensacionais.
TEAMOPEQUENOBURGUÊS!